terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Os azulejos setecentistas do Convento de Brancanes



Os azulejos setecentistas do Convento de Brancanes em Setúbal, actual Batalhão do Serviço de Saúde
RODRIGUES, Fernando Manuel Matos

s.l, edição do autor, 1987, ilustrada

A obra:
Descrição, ilustrada com 28 fotografias, dos azulejos do Convento de Brancanes.

O autor:
Fernando Manuel da Silva Matos Rodrigues (1936), coronel médico, foi comandante do Batalhão do Serviço de Saúde entre 1986 e 1987, altura em que esta unidade do Exército Português esteve instalada em Setúbal, no Convento de Brancanes.

A introdução da obra:
«Se alguma coisa permanece do antigo Seminário para Missionários Apostólicos Franciscanos de N.ª Sr.ª dos Anjos, de Brancanes, para além do seu enquadramento paisagístico, no alto do morro arborizado que parece dar as boas vindas a quem chega a Setúbal pela estrada n.° 10, são sem dúvida os painéis de azulejos que, apesar de degradados, ainda impressionam agradavelmente quem os contempla.
Pouco resta da primitiva arquitectura. Em 1807 sofreu a ocupação pelas tropas napoleónicas que no Convento de Brancanes instalaram o seu Hospital Militar. Em Julho de 1833, aqui passou o exército liberal. Mas as mais marcantes alterações sobrevieram sobretudo após a Revolução de 5 de Outubro, não só pelas destruições então praticadas, como, principalmente, pelas sucessivas transformações que foi sofrendo com a adaptação a quartel, primeiro o Grupo Independente de Artilharia de Costa e em último lugar o actual B. S. S., com diversas outras forças militares de permeio. Para uma tentativa de datação dos painéis em causa, julgo importante resumir a história do primitivo Seminário.
Por especial empenho de Frei António das Chagas e com o patrocínio de D. Pedro II, foi lançada a primeira pedra do Seminário para Missionários Apostólicos de Brancanes no dia 27 de Junho de 1682. A construção, dirigida por Pedro da Silva Dodarte, sofreu certamente com o falecimento de Frei António das Chagas menos de quatro meses depois, a 20 de Outubro de 1682.
Sabe-se que D. Pedro II promoveu a construção, financiando-a em cerca de 60 000 cruzados, sendo o restante obtido por dádivas, como a do Bispo da Guarda, que contribuiu com 200 mil réis e pelas esmolas de sal que davam os donos das marinhas.
Cerca de 14 anos depois do lançamento da primeira pedra, foi inaugurada a igreja, no dia 18 de Dezembro de 1696, com a assistência de D. Pedro II.
Com o falecimento deste monarca, a 1 de Dezembro de 1706, a obra é quase de todo abandonada, por desinteresse dos padres do Varatojo, que não desejavam a transferência, de Torres Vedras para Setúbal.
Em 22 de Junho de 1711, D. João V visita Brancanes e ouve do primeiro guardião, Frei Manuel Mação, as seguintes palavras: «Contra vós, pientíssimo Rei, clamam talvez hoje essas pedras que aí vedes, no Supremo Tribunal Divino, porque elas foram erguidas pela magnanimidade de vosso pai, em serviço de Deus e satisfação à vontade do venerável Frei António das Chagas. E agora que se espera?! Espera-se que as entreguemos a estranhos, contra o voto do vosso sereníssimo pai e contra o daquele venerável padre!» -- que o decidem, depois de ouvidos os seus conselheiros, a pôr o Convento sob a sua protecção e manda continuar a obra.
Dadas as dificuldades financeiras com que os construtores se depararam, imagino que, à data da inauguração da Igreja, ainda o Convento levaria atrasada a sua construção, não se fazendo ideia do adiantado da obra por altura do falecimento de D. Pedro II, nem de quando foi finalmente dada por concluída, presumindo-se, todavia, que o terramoto de 1 de Novembro de 1755 o encontrasse terminado, uma vez que, tendo sido poupado, alojou então, provisoriamente, a Câmara Municipal de Setúbal, que fora destruída.
No que parece não haver dúvidas é nas características joaninas dos painéis que iremos descrever, o que leva a crer na sua fabricação e aplicação nos locais a que foram destinados, entre os anos de 1711 e 1755.
Dos vários núcleos existentes, parecem-nos mais antigos os azulejos da Capela de N.ª Sr.ª da Guia, o que constitui de certo modo um mistério, considerando que esta foi arrombada e incendiada no dia 4 de Outubro de 1910 e reconstruída pelo tenente-coronel Oliveira Leite, em data desconhecida. Estamos em crer que os painéis desta Capela -- pelo menos os que se conservam -- resistiram às agressões então praticadas e que a Capela, se não mais antiga que o próprio Convento, terá sido o local escolhido para aplicação dos primeiros revestimentos cerâmicos destinados a Brancanes.
No sentido oposto, cremos que o mais moderno painel é o da soterrada Fonte de João Baptista — que, aliás, só podemos apreciar através da documentação fotográfica existente. Por esta, nos parece que o painel em causa, de características barroco-tardias, é de uma época já pós-terramoto, provavelmente dos finais do século.
Além dos referidos, existem em Brancanes vários outros painéis que agruparemos por comodidade de descrição, nos seguintes grupos:
I - Capela de Nossa Senhora da Guia
II - Átrio da igreja, actual capela do B. S. S.
III - Jardim e portaria
IV - Claustro
V - Terraço
VI - Fonte de São João Baptista»


Notas:
A obra inclui ainda a transcrição de um pequeno texto de Arronches Junqueiro sobre uma fonte existente em Brancanes, a Fonte do Lagarto.

O índice:
Introdução
I - Capela de Nossa Senhora da Guia
II - Átrio da igreja. Actual capela do BSS
III - Jardim e Portaria
IV - Claustro
V - Terraço
VI - Fonte de São João Baptista
Bibliografia

1 comentário:

igiul disse...

Boa tarde!
Sabe onde posso adquirir um exemplar deste livro?
Obrigado